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#8M2019

Dia Internacional da Mulher

08/03/2019

#8M2019

Em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York, cerca de 15 mil mulheres marcharam pelas ruas da cidade reivindicando melhores condições de trabalho. Era comum que naquela época elas cumprissem até 16h de jornada por dia, de segunda à sábado, em alguns casos incluindo os domingos. No mesmo período, o movimento feminista crescia também em oficinas da Europa.

Um incêndio ocorrido em uma fábrica de tecidos de N.Y, em março de 1911, matou aproximadamente 145 funcionários, em sua maioria mulheres. Diante do acidente, por condições precárias, houve alterações nas leis trabalhistas e de segurança de trabalho. Muitos consideram o desastre como marco para a data, mas, para intelectuais feministas, essa narrativa diminui as lutas e mobilizações das operárias do final do século 19, que se organizavam contra governos e patrões por melhores condições.

Somente em 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, que as Organização das Nações Unidas (ONU) passaram a celebrar o Dia Internacional da Mulher em 8 de março. A data já havia sido escolhida em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, em homenagem ao movimento pelos direitos e como forma de obter apoio internacional para luta em favor do voto das mulheres (sufrágio universal). No Brasil, o voto feminino foi instituído em 24 de fevereiro de 1932.

As Sufragistas

Em 1792, a britânica Mary Wollstonecraft abriu os caminhos ao lançar um livro sobre direitos femininos, intitulado como “Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher”. Ainda assim, não foi naquele momento que as mulheres ganharam forças para lutar. Inspirada em Mary, nasceu a National Union of Women’s Suffrage Societies (NUWSS) ou, em português, União Nacional das Sociedades de Mulheres Sufragistas, em 1897. O movimento cresceu e, em 1904, foi lançada a International Woman Suffrage Alliance (Aliança Internacional das Mulheres Sufragistas), que existe até hoje, porém com o nome de International Alliance of Women (Aliança Internacional da Mulher).

As manifestações pacíficas não surtiram efeito e membros da NUWSS britânica criaram a Women’s Social and Political Union (WSPU), União Social e Política das Mulheres, lutando de forma mais energética nas ruas.

O nome sufragistas vem de sufrágio, termo partidário que defende o direito ao voto para todas as pessoas, sem qualquer distinção.

O Feminismo e as várias correntes de pensamento

Liberal: é uma forma individualista da teoria feminista, que incide sobre a capacidade das mulheres em manter a sua igualdade através de suas próprias ações e escolhas, e propõem mudanças no sistemas jurídicos mas não mudanças nas estruturas sociais.

Marxista: focado em investigar e explicar as maneiras pelas quais as mulheres são oprimidas por meio dos sistemas do capitalismo e da propriedade privada. De acordo com as feministas marxistas, a libertação das mulheres só pode ser alcançada através de uma reestruturação radical da economia capitalista atual, em que grande parte do trabalho das mulheres é desigual.

Radical: exige um reordenamento radical da sociedade em que a supremacia masculina é eliminada em todos os contextos sociais e econômicos. As feministas radicais procuram abolir o patriarcado ao desafiar normas e instituições sociais existentes, em vez de através de um processo puramente político. Isso inclui desafiar a noção de papéis tradicionais de gênero, opondo-se a objetificação sexual das mulheres e procurar sensibilizar a opinião pública sobre o estupro e a violência contra as mulheres.

Interseccional: acredita que as mulheres não são um grupo homogêneo e, por isso, são oprimidas em diferentes graus de intensidade. Surge da crítica das feministas negras, que acusavam as primeiras manifestações de simplificar excessivamente a condição das mulheres, como se todas tivessem as mesmas vivências e o mesmo histórico social e econômico. Na escala de opressão, eram as mulheres pobres e negras as mais oprimidas, e o feminismo anterior parecia não prestar atenção nessas especificidades.

“Como mulheres nós somos diversas e durante muito tempo o movimento feminista trabalhou com essa categoria universal: somos todas mulheres. Mas esquecendo que existem mulheres que partem de outros pontos. Têm mulheres negras, lésbicas, indígenas e até em questão de regiões. Então, não tem como pensar de forma universal e agindo dessa forma as mulheres brancas não entendiam que elas tinham privilégios e que elas podiam oprimir outras mulheres. No caso das mulheres negras em específico, por conta de acumular a opressão, juntar o machismo com o racismo, coloca essa mulher em uma situação muito maior de vulnerabilidade social.” Essa fala, sobre o feminismo interseccional, é da filósofa Djamila Ribeiro, também autora do livro Quem Tem Medo do Feminismo Negro?

As mulheres brancas lutavam por mesmos direitos civis que os homens, enquanto as negras ainda carregavam o peso da escravatura, em posição servil diante até mesmo de outras mulheres. É preciso ter essa percepção e conscientização para romper uma zona de conforto que o ativismo branco ainda cultiva.

Elise Duque/Assessoria TJD-RJ