
O futebol é o esporte mais popular do mundo. Mexe com paixões, sonhos e sentimentos mais genuínos, dos mais novos aos mais velhos, dos homens às mulheres, dos mais humildes aos mais privilegiados. Mas ele vai muito além disso. O futebol tem um papel social muito importante: transformar vidas, criar oportunidades àqueles abandonados por quem deveria cuidar. E hoje, 19 de julho, é comemorado o Dia Nacional do Futebol.
Há poucos dias, a França sagrou-se Campeã do Mundo. Uma Seleção multiétnica conquistou o título mais importante do futebol. Les Bleus tinham 14 jogadores nascidos ou com ascendência só de países africanos e encontraram no esporte a oportunidade de um futuro melhor. Imigrantes ou filhos deles, Kimpembe (Congo/Haiti), Umtiti (Camarões), Pogba (Guiné), Mbappé (Camarões), Dembélé (Senegal), Tolisso (Togo), Kanté (Mali), Matuidi (Congo), Nzonzi (Congo), Mandanda (Congo), Fekir (Argélia), Sidibe (Mali), Mendy (Senegal) e Rami (Marrocos) puderam, na Copa da Rússia, mostrar para todos a força do futebol.
No Rio de Janeiro, o projeto Pérolas Negras usa o esporte bretão como ferramenta de transformação. É um clube criado pelo Viva Rio para gerar impacto social. Com academias no Haiti e no Brasil, são ao mesmo tempo casa, escola e centro de treinamento para jovens talentosos em busca de um futuro melhor. Elas promovem a igualdade de gênero e atendem a todas as exigências da Fifa a um clube formador.
Cerca de 150 atletas, meninos e meninas a partir de 11 anos, vivem e estudam na Academia Pérolas Negras, nos arredores de Porto Príncipe. Ao completar 16 anos, os jovens com mais talento e vontade são convidados a treinar no Brasil, onde encontram possibilidades reais de inserção no mercado do futebol. O Pérolas Negras disputa alguns dos principais torneios profissionais, sub-20 e sub-17 do país, e jovens haitianos vêm conseguindo contratos com grandes clubes brasileiros.
“O futebol é um espaço democrático, sem lugar para discriminação social, racial ou religiosa, e é por isso que o Viva Rio decidiu abrir as portas do Pérolas Negras para o resto do mundo. Uma carreira no futebol é um futuro possível e promissor para centenas de jovens levados a deixar seus países por questões políticas ou humanitárias”, conta o site oficial da Academia.
Em 2016 a FERJ teve a iniciativa de aceitar a inscrição de refugiados fora da cota de estrangeiros, o que posteriormente foi adotado pela CBF e virou destaque até mesmo no site da ONU. No ano seguinte, o Pérolas Negras foi o campeão da Série C do Campeonato Carioca, o primeiro título profissional conquistado pela equipe com nove refugiados haitianos. Um feito que entrou para história do clube.
Foto: Zhang Naijie/ Xinhua